De um tempo pra cá a inteligência artificial deixou de ser um conceito futurista para se tornar uma ferramenta presente no nosso dia a dia. A gente pensa logo em jovens desenvolvedores, startups inovadoras e adolescentes conversando com o ChatGPT como se fosse um amigo virtual. Mas e a galera mais velha? Como será que as pessoas com 60, 70 ou até 80 anos estão lidando com essa revolução?
Confesso que essa é uma pergunta que me intriga bastante. Tenho observado que, enquanto os mais jovens nadam de braçada nas novidades tecnológicas, a geração dos meus pais (e avós) ainda olha para a IA com um certo receio e até desconfiança.
Mas isso não significa que eles estejam completamente de fora. Pelo contrário.
Muita gente mais velha já está usando IA sem nem perceber. Quando pedem para a Alexa tocar uma música dos anos 70, quando usam o Google Maps para evitar o trânsito ou quando recebem sugestões de filmes na Netflix baseadas no que assistiram na semana passada, tudo isso é inteligência artificial operando nos bastidores.
No Reddit, encontrei relatos bem interessantes sobre isso. Um usuário comentou que ensinou os pais a usarem o ChatGPT como um “Google mais esperto”. Eles começaram perguntando coisas simples, como “qual o melhor remédio natural para dor nas costas” ou “como fazer pão caseiro”, e ficaram impressionados com a clareza das respostas. Outro contou que a mãe, já na casa dos 70, usa o ChatGPT para revisar e-mails e até para escrever mensagens de aniversário mais criativas.
Há também quem use IA para manter o cérebro ativo. Vi um relato de um senhor aposentado que usa geradores de imagem por IA para criar obras de arte digitais, uma forma de continuar exercendo a criatividade, mesmo sem saber desenhar. Ele posta os resultados em fóruns e recebe feedback da comunidade, o que também ajuda no aspecto social.
E tem mais: um usuário contou que o avô, que tem problemas de visão, começou a usar assistentes de voz com IA para controlar luzes da casa, ouvir notícias e até enviar mensagens para a família. Isso mostra como a IA pode ser uma aliada poderosa para a autonomia e acessibilidade.
O que ainda falta, na minha opinião, é uma maior consciência e autonomia no uso dessas ferramentas. Poucos sabem, por exemplo, que podem usar o ChatGPT para pedir dicas de receitas, organizar uma viagem ou até escrever aquele discurso de aniversário para o neto.
Outro ponto importante: a acessibilidade. A IA tem um potencial enorme de ajudar quem tem limitações físicas ou cognitivas. Leitores de tela com IA, assistentes de voz, ferramentas de transcrição automática… tudo isso pode melhorar demais a qualidade de vida de quem está envelhecendo. Mas, mais uma vez, falta divulgação, educação digital e, principalmente, interfaces mais amigáveis.
O que vejo é que muita gente mais velha até tem curiosidade, mas esbarra no medo de “quebrar” alguma coisa, de não entender os comandos ou de parecer “burro”. E isso é um erro que nós, os entusiastas da tecnologia, também cometemos: não saber ensinar com paciência, sem jargões técnicos e sem aquele tom de superioridade que só afasta.
Se a IA é mesmo o futuro, e eu acredito que seja, ela precisa incluir todas as gerações. E isso começa com empatia, educação e design centrado no ser humano. Não adianta criar ferramentas incríveis se elas só forem acessíveis para quem já é fluente em tecnologia.
No fim das contas, a IA pode ser uma aliada poderosa para o envelhecimento com mais autonomia, saúde e conexão. Mas, para isso, precisamos parar de tratar os mais velhos como “incapazes digitais” e começar a incluí-los de verdade nessa conversa.
E você? Já apresentou o ChatGPT para os seus pais ou avós? A experiência pode ser surpreendente. E, quem sabe, até divertida.