“GEO” é o novo “growth hacking”: parece inovador, mas não é

Nos últimos dias, me deparei com alguns conteúdos que falavam sobre uma suposta “nova fronteira do SEO”: a otimização de busca para LLMs (Large Language Models), como ChatGPT, Gemini, Claude ou Perplexity. O nome da moda? Generative Engine Optimization (sou simplesmente “GEO”).

Confesso que, logo de cara, torci o nariz.

Não porque não acredito em inovação no SEO. Muito pelo contrário. Mas porque, quanto mais eu lia sobre GEO, mais me parecia um daqueles termos criados só pra parecer que estamos diante de algo revolucionário, quando na prática estamos apenas repaginando estratégias que já existem há anos.

O que é GEO, afinal?

A proposta do GEO é simples (pelo menos na teoria): otimizar conteúdos e presença digital para que sua marca, produto ou site apareça nas respostas geradas por modelos de linguagem como o ChatGPT.

A ideia é que, já que as pessoas estão buscando cada vez mais informações via IA generativa, seria necessário adaptar nossas estratégias de SEO para esse novo cenário.

Mas tem um problema aqui: LLMs não são motores de busca.

LLMs não ranqueiam. Elas fazem previsão.

Diferente do Google, que utiliza algoritmos baseados em crawling, indexação, backlinks, autoridade, experiência de página e centenas de outros fatores, os modelos de linguagem não fazem busca em tempo real, a não ser em casos específicos com plugins ou navegação ativada, e nesses casos eles usam um motor de busca como Google e Bing.

Eles geram respostas com base nos dados com os quais foram treinados. E esses dados têm uma janela de corte temporal. Ou seja: se você publicar um conteúdo hoje, ele não vai aparecer magicamente nas respostas do ChatGPT amanhã. Simplesmente porque ele ainda nem sabe que esse conteúdo existe.

Além disso, mesmo quando a IA tem acesso à internet, como no caso de ferramentas como Perplexity ou ChatGPT com navegação, não há uma SERP com posições claras. Não existe “posição 1”, “posição 5” ou “snippet”. Você não tem como saber quantas vezes seu conteúdo foi exibido, clicado ou citado.

Então, como fazer uma mensuração?

Essa é uma das partes mais críticas da discussão.

No SEO tradicional, temos uma série de ferramentas e métricas que nos ajudam a entender o impacto do nosso trabalho: Google Search Console, Analytics, SEMrush, Ahrefs, entre outras. Sabemos quantas impressões tivemos, quantos cliques, qual a posição média, como evoluímos ao longo do tempo.

Na IA generativa? Nadinha.

Não existe uma ferramenta confiável (pelo menos até junho de 2025) que diga:

“Sua marca apareceu em X respostas da IA com Y interações.”

Ou seja: você não consegue medir o impacto de forma consistente. E se não dá pra medir, como é que a gente vai otimizar?

Então o que estão chamando de GEO?

Na prática, o que estão chamando de “GEO” é uma mistura de:

  • Digital PR (conseguir que sua marca seja mencionada em lugares confiáveis)
  • Branding (construir autoridade e reconhecimento)
  • Conteúdo de qualidade (o bom e velho conteúdo útil, bem escrito e confiável)
  • Presença em fontes indexadas publicamente (como Wikipédia, sites de notícias, blogs técnicos, fóruns etc.)

Ou seja: nada de novo. Tudo isso já vem sendo feito há anos. Só que agora, algumas pessoas estão reembalando isso com uma roupagem de IA e vendendo como se fosse a próxima grande revolução do marketing digital.

GEO é buzzword

Não me entenda mal: eu acredito que o uso de ferramentas baseadas em IA vai mudar o comportamento de busca. Aliás, já está mudando. E nós, seja usuário ou profissional que trabalha com SEO, precisamos sim acompanhar esse movimento.

Mas isso não significa que qualquer mudança de interface ou tecnologia exija um novo nome para práticas que já conhecemos. Muito menos que você deva sair comprando cursos ou aderindo a metodologias que nem têm base técnica ou mensuração clara.

GEO, por enquanto, é só uma buzzword. Uma tentativa de vender fumaça com cheiro de inovação.

O que fazer, então?

Na minha humilde opinião: Continue fazendo o que sempre funcionou:

  • Crie conteúdo útil, original e confiável.
  • Invista em autoridade de domínio e backlinks de qualidade.
  • Fortaleça sua marca e presença em canais relevantes.
  • Esteja presente em fontes que possam ser usadas como referência por LLMs (como sites de notícias, bases públicas, fóruns técnicos etc.).
  • E, acima de tudo, não caia no hype.

Enquanto não houver uma forma clara de mensurar performance em IA generativa, não tem como falar em otimização real.

Conclusão? “GEO” é o novo “growth hacking”: parece inovador, mas ninguém sabe o que faz.

E se alguém disser que sabe, desconfie. Provavelmente está tentando te vender um curso.

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